
A solidão quando bate é como se eu estivesse em
outro mundo.
Um mundo desabitado, de cores e formas
minhas.
O vento sopra uma antiga e muito querida música em meus ouvidos e,
ao contrário de outras inúmeras vezes, essa solidão de agora me faz bem.
A melodia começa a remodelar o mundo
meu.
Olho ao redor, curioso,
observando tudo mudar,
ritmado,
conforme a música.
Me sinto estranho e, ao me ver,
também estou em mutação, me adequando a este novo ambiente.
Incrível a harmonia entre eu e o mundo.
De repente me sinto bem,
à vontade,
como quem visita um lugar repleto de lembranças antigas.
Um cheiro forte de nostalgia corta o ar.
E o respiro, inflando-me de sentidos e sentimentos.
Essa onda sensitiva espalha-se por meu novo corpo e estrapola-o, ganhando o mundo ao meu redor. Mas eu continuo sentindo-a, agora com uma amplitude espantosa.
É aí, no ápice da antiga melodia, que percebo que o próprio mundo
faz parte de mim.
E eu dele.
Somos um.
É bom estar sozinho, às vezes.
Faz-me conhecer a mim.