quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

guardanapo 01

Da nova série "guardanapo".
O verdadeiro.
O que dá nome a este blog.

Aquilo que escrevemos/compomos/criamos -enfim, e que nunca mais nos lembraríamos, não fosse o guardanapo de bar.
Nesta série (claro que apenas quando for possível), além do produto, terá também informações de data, local e o tipo de guardanapo utilizado.

data: não lembrada
local: não lembrado
guardanapo: mensagem de texto do celular.
conteúdo:
"Ah, mulheres!
Se todas fossem iguais a ti
Eu não poderia rir
De nenhuma delas."

Não lembro nem o que quis dizer com isso...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Tormenta

o cheiro do ar
escuridão ao dia
as nuvens a brigar
estrondosa sinfonia
medo
do que está por vir

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quem mundo sou eu?


A solidão quando bate é como se eu estivesse em
outro mundo.
Um mundo desabitado, de cores e formas
minhas.

O vento sopra uma antiga e muito querida música em meus ouvidos e,
ao contrário de outras inúmeras vezes, essa solidão de agora me faz bem.
A melodia começa a remodelar o mundo
meu.
Olho ao redor, curioso,
observando tudo mudar,
ritmado,
conforme a música.

Me sinto estranho e, ao me ver,
também estou em mutação, me adequando a este novo ambiente.
Incrível a harmonia entre eu e o mundo.
De repente me sinto bem,
à vontade,
como quem visita um lugar repleto de lembranças antigas.

Um cheiro forte de nostalgia corta o ar.
E o respiro, inflando-me de sentidos e sentimentos.
Essa onda sensitiva espalha-se por meu novo corpo e estrapola-o, ganhando o mundo ao meu redor. Mas eu continuo sentindo-a, agora com uma amplitude espantosa.

É aí, no ápice da antiga melodia, que percebo que o próprio mundo
faz parte de mim.
E eu dele.
Somos um.

É bom estar sozinho, às vezes.
Faz-me conhecer a mim.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

soneto quebrado em saudade

Assim só,
Quem sabe...
No fim do mundo
Caindo a tarde

Torne algum dia
Enfim o vento
A soprar vagabundo
Lento

Que carregue consigo essa poesia
Pequena, singela, macia
Aos ouvidos dela
Distante

Que sopre forte, constante
Tal qual no barco a vela
Quanto mais ondas, insiste!

Talvez assim, quem sabe...
No cair do mundo, final da tarde
Eu deixe de ser triste
E só.

(Vinícius Galindo)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

ê privilégio...

Muitos reclamam de suas profissões, cada um querendo sofrer mais que o outro.
É incrível essa competição que as pessoas bem frequentemente fazem umas com as outras, onde o prêmio nada mais é que o título reconhecido por seu adversário derrotado: "é.. tu tá pior que eu mesmo.."
Não vou me aprofundar muito nessa discussão, vou, contrariando a regra geral de tentar sofrer o máximo possível (mesmo sabendo que é tudo dramatização exacerbada), gabar-me de minha profissão.

Poucos profissionais têm o privilégio de marcar uma reunião de negócios numa mesa bar. Pronto. Começa daí.

-Garçom, uma geladíssima, e dois copos. E então bixo, como é essa casinha aí que tu quer fazer?
-Pois é.. nada demais, quero algo bem simples, até porque tou sem muita grana, sabe?
-Ah cara, pode relaxar! Vamo fazer um projetinho bem simples, baratinho mas eficaz, tranquilo. Opa, obrigado chefe, traz o cardápio, por gentileza?
*tin-tin*
-Aaahh.. essa tá boa viu.. igual tua futura casinha: simples, barata e bem gostosa!

Depois de algumas outras geladas, trocando idéias entre algum filé, camarão ou fritas, sobre espaços, divisões e rotinas do cotidiano..

- Isso, bixo! assim mesmo, vê só, vou fazer um rabisco aqui, pra tu entender melhor
*caneta nanquin descartável e o bom e velho, sempre presente, guardanapo*

risco pra cá, risco pra lá...
-Taí! O que tu acha?
-Porra bixo! É isso mesmo! posso levar pra mostrar à Cláudia? Ela vai adorar...
-Não po, calma.. Isso é só um rascunho, tu não vai querer mostrar tua casa num guardanapo po! Deixa comigo.. eu levo pra casa e faço direitinho, bonitinho.. Te entrego amanhã mesmo, aí depois a gente acerta o restante.. me dá teu telefone!
-Beleza cara, tudo certo então. Garçom! mais uma que eu vou comemorar minha casa nova!

E no fim ele ainda me paga a conta, feliz da vida!



quinta-feira, 1 de novembro de 2007

da série "um brinde!" - brinde01

De quando estamos numa mesa de bar e o assunto, por qualquer razão, fica mais escasso, ou monótono, ou repetitivo.. até que acaba-se.
Sabe?
Aquela hora em que todos tomam um gole de sua respectiva bebida, uma vez que ninguém tem nada a dizer...
Pois não é que funciona?

Como se abastecido de criatividade, munido de uma lembrança, ou mesmo por simplesmente não aguentar mais aquele incômodo silêncio, algum dos presentes solta uma "pérola", deixando seus companheiros boquiabertos, extasiados em como ele foi capaz de dizer tal coisa.
Instintiva e coletivamente, os amigos falam, uníssonos:

um brinde!.


"QUEM DISSE QUE EU ME MUDEI?
Não importa que a tenham demolido:
A gente continua morando na velha casa
[em que nasceu."
Mário Quintana.

Um brinde ao bom e velho mário de todas as horas!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

da necessidade de aprender

"Porque perder tempo aprendendo quando a ignorância é instantânea?" (calvin)

Às vezes me pergunto a razão de evoluir intelectualmente. Ou aquilo que chamamos por evolução intelectual. Antes tinha me questionado sobre evoluir, assim, cru. Pra quê isso? Mas descartei logo essa conversa, que com certeza levaria muitas garrafas de vidro amarronzado que, uma vez esvaziadas, seriam colocadas num canto onde, muito provavelmente, algum passante, ou até mesmo um dos que tratam do assunto (não só o de esvaziar o tal vidro, mas também aquele que diz respeito à evolução), ao esticar um pouco as pernas, ou mesmo levantar-se ao sanitário esvaziar o que antes estava nas tais garrafas, enchendo com isso um pedaço de louça qualquer, por acidente, derrubasse as pobres coitadas, impedindo-lhes de jamais (salvo sob processo de reciclagem) poderem ser esvaziadas novamente. Pois foi com um leve pesar pela visão dos futuros cacos de vidro marrom que tive em minha mente, entre dois goles, que descartei aquela discussão, uma vez que havia chegado a uma conclusão que, senão correta, me satisfazia em mudar de assunto. Essa me dizia que é impossível não haver evolução. Se existe, evolui. Mas... existe mesmo?
-Não! essa agora resultaria em muito mais cacos amarronzados, coitados.
Desconsiderando portanto ambas, deti-me ao intelectual.
Até porque, na verdade nunca fui convencido da necessidade de evolução intelectual do ser-humano. Acredito que talvez esse seja o maior dos nossos problemas. Aliás, o maior dos problemas desse mundo.
Veja bem, o mundo nos provê de tudo o que precisamos para manter essa fabulosa cadeia carbônica funcionando precisa e normalmente. Pra quê mais?
Aí! aí está a questão. Ou melhor, não está. Não tem pra quê. Talvez nem tenha porquê! E, mais talvez, se tiver algum porquê, ele nem nos seja permitido saber!!
O que não faz a menor diferença, uma vez que não escolhemos por não evoluir intelectualmente. Fomos criados para isso.
Talvez sejamos uma grande experiência num pequeno tubo de ensaio e quando achamos que estamos errado detonando todo o mundo, estaremos pensando exatamente igual a um vírus ou bactéria (não sei direito a diferença entre os dois, tampouco se algum deles "pensa"), que, por natureza, não é um ser mau, ele só faz aquilo para o qual foi criado. Ele sequer pensa a respeito e, o que chamamos de pensar a respeito, só nos serve e a nós somente, de forma que outrem sequer considerem que nós o fazemos.
Isso me leva a outras questões, mas acabo de tornar "inesvaziáveis" duas das muitas pobres e amarronzadas garrafas, que tinha colocado num canto enquanto pensava essas besteiras.
É melhor parar.


-deu vontade de ler um textinho que certa vez me recusei por, creio que já admiti isso, não ter entendido a razão de ser dele. Vou ver se o encontro.