quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"O telefone chamado, encontra-se fora da.. -clic!"

Muitos alegam odiá-los. Recusam-se a tê-los, romantizam. No entanto, coisa rara é achar alguém que, hoje em dia, nunca fez uso de um deles. E nisso eu sou chato. Fez uso? Então é útil, e não me venha falar besteira. Tudo bem que existem coisas que por ventura utilizamos e, não necessariamente, são lá de tanta utilidade. Afinal de contas, nessa nossa, a cada dia mais sedentária, vida, arrumamos utilidade pra quase qualquer coisa inútil.
Mas, voltando aos celulares, pobres coitados, eles são bem úteis sim. Aos muitos do primeiro parágrafo, não venham me dizer que orelhões são mais práticos. Ou os telefones fixos. Ao invés de ficarem os criticando, aproveitem que, por eles serem um exemplo dessa tecnologia desenfreada que engole-nos a todos com uma velocidade impressionante, nós podemos observar estes pequenos utilitários, desde seu surgimento, com bastante facilidade. Daí então eu proponho: façam isso e comparem-no a outros implementos tecnológicos, alguns sendo e outros não, alvos de rejeito ou repúdio. A máquina de datilografar, o computador, rádio, televisão, e-mail e internet, o próprio pai do celular, o telefone "fixo". Eles foram, assim que chegaram, ou algum pouco tempo depois, motivos de ataques? Mesmo por parte dos mais românticos, que preferem as coisas à moda antiga? Sobre estes eu já falei por aqui antes e não vou me alongar, mas o fato é que eu não consigo ver razão pra condenarem os celulares. Pra mim, eles são como um par de tênis, ou uma bicicleta, um lápis, uma vela ou uma lâmpada: um objeto tecnológico, criado para desempenhar uma função de utilidade para o ser humano.
E vou além: acho-os ótimos! Ficando melhores a cada dia. Reunindo num único, portátil, bonito (nem sempre, ok) e simples aparelho, diversas utilidades. Música, comunicação, agenda, calculadora, diversão, televisão, e tantas outras funções. Como uma coisa dessas pode ser ruim?
O que vejo nessa repúdia de alguns é que ela não diz respeito ao aparelho celular. É a mesma rejeição com relação a diversos outros equipamentos, como carro, TV (a cabo, principalmente), roupas e outros. Ao meu ver, trata-se de uma insatisfação com as próprias pessoas, com a sociedade e suas atitudes, valores, formas de uso e dependência para com tais utilitários. O telefone móvel nada tem a ver com isso. Exemplo:

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Haviam marcado um chopinho, depois do expediente, no boteco de sempre. Ficava no meio do caminho pra ambos. Ligam-se nos celulares, pra confirmar o programa.

-Alou..
-Setor de contabilidade, André, boa tarde.
-Acorda menino! Eu liguei pro teu celular... e aí, muito trabalho é?
-Cara, hoje o dia tá corrido viu.
-Que conversa, eu bem sei que o tal do excel aí faz tudo pra tu.
-Ah quem me dera. Como é, combinado? Saindo daqui, vou direto pra lá, devo chegar perto das dezenove, por conta do trânsito. Tu chega antes né?
-Chego sim, vou a pé. Já te falei pra largares esse carro, bixo. De lá pego um ônibus, em vinte minutos estou em casa. No teu caso, seriam quinze, e sem precisar driblar a polícia, com seus bafômetros opressores!
-Nem me fale, que me criaram uma blitz no caminho de casa! Agora, por conta do desvio que faço pra evitá-los, perco outros quinze minutos. E pare de rir!
-Tudo bem, tudo bem, um dia te convenço sobre o carro. Ei, vou desligar que o chefe apareceu aqui na área e eu tenho que trabalhar, pois o computador não faz tudo por mim. Quando chegares, me procura, já estarei no terceiro chopp.
-Isso, faz inveja. Escreves qualquer coisa pra publicar no jornal, coloca uma foto bonitinha e pronto, pode ir pra casa. Isso que é moleza de trabalho. Vai, abraço e até mais tarde.

Um pouco antes das vinte, por conta do trânsito, André finalmente encontra uma vaga pra estacionar o carro e entra no boteco, já lotado. Saca de imediato o pequeno aparelho do bolso e disca.
-Daniel? Cheguei aqui agora. Pára de se fingir de bêbado. Eu peguei muito trânsito e foi difícil arrumar vaga. Cadê tu?
Uma batida na perna direita de André o faz virar o rosto. Lá estava Daniel, exatamente ao seu lado, sentado numa mesa, com dois copos de chopp.
*******

Eita que me deu uma vontade de tomar um chopp agora...
Bom, voltando ao assunto. Alguém aí se identificou nessa história? Tudo bem que eu me empolguei um pouco e, admito, foi um tanto difícil interrompê-la. Mas, o lance de chegar e ligar, perguntando pelo outro, isso é insano. Os dois já tinham combinado local e hora. O tal do André sequer correu a vista pelo boteco. Foi logo no vício e pegou o celular. Isso sim, eu aceito que condenem. Também o faço. E isso foi só um exemplo: pessoas que nunca desligam o aparelho, mesmo quando dormem; que quase entram em pânico quando veem o ícone de "sem sinal" na tela do celular; que ficam indignadas quando alguém não atende o celular, ou esquece o mesmo em casa... Essas atitudes eu também condeno. Mas repito, isso não tem nada a ver com o pobre aparelho celular, coitado. Dirijam suas críticas aos alvos certos, por favor.
Hum.. toda essa conversa me deu sede. Alguém quer tomar um chopp? Qualquer coisa me liga.

2 comentários:

  1. celular eh muito util... mas ainda nao entendi o porque de alguns amigos manterem o mesmo 'quase-sempre' desligado.


    se reclamar, apanha.

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  2. Muito boa - Vinicius Sousa

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