quinta-feira, 14 de maio de 2009

E querem acabar com a crise?

Podem me chamar de doido, mas, vejo um lado dessa crise mundial que me faz pensar nela como a melhor coisa que aconteceu à humanidade nos últimos séculos. Algo que nos obriga a questionar certos posicionamentos e, além disso, tomar, de fato, várias atitudes. Muitas delas, necessariamente drásticas. Creio que essa crise, em muito aumentada por ser concomitante a "toda essa história de aquecimento global", não está, ainda, sendo levada a sério. Novamente, não, não sou doido. O que estão fazendo em relação a essa crise? Muitas coisas, sim. Muitas, muitas coisas. Todas erradas. 
Essa crise não é pioneira. Já tivemos exemplos dela num passado próximo, e estamos cometando os mesmos erros de antes. Repito a pergunta: o que estão fazendo pra "resolver" essa crise? E respondo: tudo o que não deveriam fazer. Ou tudo o que a fortalece. É preciso se perguntar o porquê dela acontecer. O modelo (não só econômico, mas social, religioso, cultural, político...) que a humanidade vem vivendo, tem como destino único e inalterável essa tal dessa crise. E o que fazemos pra acabá-la? Tentamos reestabelecer o mesmo modelo, que, como justificativa à nossa tentativa, encontra-se apenas "abalado" momentaneamente.
Não vemos a dádiva que é essa crise. Ela que acabe com tudo, assim a gente começa um modelo que preste, finalmente. 
As gigantes dos automóveis são as primeiras a cair. Porque será? Talvez pelo fato de o carro ser o maior e mais representativo ícone desse modelo insano de vida que nós insistimos em empregar. O automóvel se tornou uma das maiores (senão a maior) desgraças que nós seres humanos já conseguimos criar. Incrivelmente poluente (pessoas, não pensem "apenas" nos combustíveis, lembrem-se do processo de fabricação, dos materiais utilizados em sua manufatura, do que ele passou a representar econômica e socialmente, etc), de durabilidade ínfima, de quantidade praticamente obrigatória a um por pessoa, e o que é pior, na grande maioria das vezes, completamente dispensável. Eu passaria muito mais tempo falando sobre carros, mas deixo pra outro dia. 
O fato é que a crise, como um enviado divino, ou da natureza, do cosmos, ou qualquer outra origem que o deixe mais suscetível a acreditar, tenta, com todas as suas forças (e elas são muitas) derrubar essa insanidade mundial à qual nos submetemos os humanos. E o que fazemos? Tentamos impedi-la. 
Sei que muitos, milhares, milhões, sofreriam e morreriam durante o processo "natural da crise", mas talvez fosse mais inteligente se investíssemos em diminuir esse estrago durante a transição a um novo modelo de vida, do que tentar a todo custo impedi-lo de surgir, defendendo assim uma loucura mundial, que grita há tempos que nos dizimará a todos em breve, muito breve.

7 comentários:

  1. Bela e profícua discussão.

    Já que você falou também em aquecimento global, isso me lembrou uma conversa que tive com um amigo biólogo em que ele, com seus argumentos, conseguiu me convencer que a melhor solução do aquecimento seria ele próprio. Pessoas morreriam no processo, óbvio, mas no fim das contas o mundo teria seus meios de obter a homeostase.

    Muito do que defendemos sobre crise econômica e aquecimento global tem sempre como base um foco alienígena à real solução do problema. Quando falamos em soluções para a crise, todas elas são de cunho econocêntrico. Não importa quem se foda, quem tem que manter-se saudável é a economia.

    Como você mesmo sugeriu: não seria essa a hora de omitir o balde d'água e deixar o circo pegando fogo, mesmo?

    E que o fogo do circo contribua com o aquecimento global. Seriam dois coelhos com a mesma cajadada.

    Grande abraço.

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  2. hahahaha exatamente, dois coelhos! Também tenho um amigo (irmão, na verdade) biólogo que, creio eu, pensa assim. O mundo por si só, sempre tem e terá "seus meios de obter a homeostase", independendo de nós humanos, ou nossa economia, tão pequenos que somos.
    abraço

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  3. Meu caro, sabes bem que concordo sobre as dádivas da crise, como conversamos no chorinho. Acho que alguma geração paga o preço de mudanças. Talvez, a mudança de estilo social (p´ra bem ou p´ra mal) implicaria o sacrifício de nossa geração e de algumas próximas. Por outro lado, resolver a crise será o um grande crime para a existência de novas gerações, afinal, Homo sapiens será só saudade com o rumo que o planeta tem tomado.
    Mas me permita comentar, não acredito na palavra modelo, me lembra planejamento. Novos ou velhos, serão rígidos, e modelos são pensados por pessoas do modelo anterior. Coisas não percebidas no modelo permanecem. Prefiro a incerteza como proposta.
    abraço

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  4. Certamente.
    Não retirarei do texto acima pois defendo que o que foi escrito assim o foi. Sempre me serve pra lembrar que opiniões podem e devem mudar, assim como a evolução do pensamento.
    Não caso, não tinha sequer pensado nessa definição da palavra, mas concordo com o que disseste. Talvez num outro texto encontre palavra mais adequada.
    abraço.

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  5. "Podem me chamar de doido, mas, vejo um lado dessa crise mundial que me faz pensar nela como a melhor coisa que aconteceu à humanidade nos últimos séculos"

    acquiesce!
    isso eh fato. "catarse".

    a natureza, Deus...
    enfim... os sinais vêm há muito tempo. vejo muita gente dizer, "ah nao, todo ano eh isso... depois o calor passa!"

    mudar mesmo, so sendo radical e isso nao vai ocorrer por vontade do homem. nao mesmo.
    enfim, se tem uma força que eu respeito eh a da natureza, a vontade suprema, Deus ou seja la como chamem. tenho a minha crença.
    e o dia do juizo esta cada vez mais proximo, sejamos fortes!

    confesso que o futuro me fascina apesar disso, por varios motivos.
    o "nao sei" mais insano do mundo!
    to louco pra ver as luzes apagarem!

    abraço
    doga

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  6. quase ia esquecendo!

    lembra do livro que TANTO falei neh?
    eh so ir encaixando as peças

    pois entao...

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  7. hahaha
    as luzes se apagarem é massa.
    o livro que eu nunca li hehehe

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